Expressividade à flor da pele

28/10/2013 15:13

Por: Paulo Pedroza (texto e fotos)

 

Apesar de reconhecerem a tatuagem como uma “barreira” ao mercado de trabalho, os adeptos das tattoos não desistem de expressar a arte no corpo. Em Juazeiro, muitas pessoas têm aderido à “moda”, mas são poucos os estúdios na cidade que respeitam as recomendações da ANVISA.

A arte expressa no corpo. Esta é a definição utilizada por cada vez mais pessoas que decidem aderir ao uso da tatuagem em Juazeiro (BA). Os adeptos dessa “arte”, em sua maioria, dizem não temer o preconceito e marcam a pele com desenhos, nomes, e símbolos carregados de significado pessoal. Um pássaro nas costas, uma caveira no braço, um beija-flor na nuca. Discretas ou evidentes, elas ainda causam polêmica quando o assunto é mercado de trabalho e saúde.

             

 O tatuador Jonatan Ferreira, mais conhecido como Natan, 39 anos, aprendeu o ofício ainda adolescente e desde então não parou mais. Segundo ele, vários clientes já comentaram que sofreram algum tipo de advertência no emprego, além de restrições para assumir determinados cargos. “Ouço muitas histórias de pessoas que não foram aceitas numa vaga porque tem uma “tatoo”, é uma situação constrangedora. Eu, como sempre trabalhei com isso, nunca tive problemas, é até legal, pois divulgo o meu trabalho”, disse mostrando às várias tatuagens que têm pelo corpo, algumas delas feitas por ele mesmo.

Natan lembra ainda que os clientes iniciantes demonstram preocupação sobre o local do corpo em que farão a tatuagem, pois já planejam esconder de alguém da família ou dos colegas de trabalho. “Quando é a primeira, a maioria das pessoas tentam esconder e escolhem locais que podem ser cobertos pela roupa. Mas depois querem outra e mais outra, e aí fica difícil disfarçar. Tatuagem é viciante.”

Admiradores dos adornos concordam que o preconceito é inevitável quando o assunto é tatuagem e mercado de trabalho, mas mesmo assim não desistem de expressar na pele o que pensam ou sentem. Muitos deles, como a estudante de Engenharia Mecânica, Marta Xavier Menezes, 22 anos, dizem não se preocupar com o que as pessoas pensam. “Não são minhas tatuagens que irão definir meu desempenho profissional. Se me dispensarem de uma vaga de emprego por esse motivo, sinto muito pela empresa, pois acredito no meu trabalho”, afirma confiante.

Uma arte cara e que exige cuidados

Antes de fazer uma tatuagem é importante procurar os locais mais adequados para realizar o procedimento de forma segura. O cliente deve observar bem se o tatuador está utilizando material descartável e tomando as medidas de higienização necessárias, pois muitas doenças como: hepatite, AIDS e infecções causadas por fungos e bactérias podem ser adquiridas. “Além de higienizar o ambiente, usar agulhas e luvas descartáveis, é necessário esterilizar o material de uso contínuo a cada novo procedimento”, ressalta o tatuador James Mix, 31, que realiza esse trabalho há 13 anos.

Segundo James, em Juazeiro existem poucos estúdios de tatuagem que seguem todas as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), muitos tatuadores ainda trabalham de forma irregular. “A tatuagem é um procedimento caro, os preços variam de R$80 a R$4mil, então acredito que o mínimo que podemos fazer é oferecer a segurança necessária para o cliente”, conclui.