Depressão, ou profundo abalo emocional? Descubra a relação entre a mente e as emoções.

06/10/2013 11:27

            

Por Denise Saturnino

Na linguagem dos médicos, o temo ‘’mente’’ não designa o órgão da inteligência, o cérebro, em terminologia médica, apenas. Mas também das qualidades que normalmente consideramos associadas a outros conceitos, tais como, ‘’emoções’’, ‘’personalidade’’, ‘’nervos’’ e ‘’alma’’. Todos estão contidos no termo ’’psique’’. Nesse sentido, a mente estabelece os sentimentos e o comportamento humano.

A psicóloga da Universidade do Rio Grande do Norte, Karla Calazans de Barros Alves, esclarece que, ‟a psicologia não é uma ciência exata, portanto, ao avaliarmos a nós próprios e as pessoas que nos rodeiam, existe uma grande diversidade no comportamento dos seres humanos. Tais diferenças podem ser resultado de uma herança cultural, e, ou de conceitos familiares. Um comportamento completamente aceitável em um determinado agrupamento pode ser, em outro, completamente inaceitável‟.

É comum ocorrer um diagnóstico precoce de depressão, feito sem a ajuda de um profissional. A depressão surge de uma desestrutura na mente, onde os neurotransmissores não funcionam em perfeita ordem, principalmente numa mente que possua uma fragilidade latente, ocasionada pela sua formação pessoal. Quando um acontecimento foge de seus parâmetros emocionais, pode culminar em uma depressão, que é considerada uma doença que atinge o estado físico, psicológico e social. No físico, causa a ausência de apetite, fraqueza, sono profundo, envelhecimento precoce, desestruturação dos sistemas, nervoso e digestor, entre outros. No psicológico, angústia, desesperança, sofrimento profundo. E no social, causa um isolamento total das pessoas, a perda de confiança nelas, e principalmente nas mais próximas, exaustão total na vida e um desejo intenso de suicídio.

A maior parte dos doentes não reconhece o problema, não conversam sobre si mesmos, e não cogitam a possibilidade de tratamento, eles não admitem sofrer de uma doença.

Em 60% dos pacientes que procuram a Dra. Calazans sofrem em vez de depressão, um profundo e intenso abalo emocional. Como no caso da Sr.ª Raquel Silva Rodrigues, 32, casada, com uma filha de 19. Ela conta que chegou a pensar que estava depressiva quando, descobriu que existe a possibilidade de não poder mais ter filhos, devido um problema em seu sistema reprodutor, com a chance de ser retirado o útero.   ‟preciso de outro filho, pois a morte do meu segundo com apenas dois meses de vida, nunca foi superada completamente‟, diz. Mesmo assim, Raquel ainda mantém o convívio com as pessoas, apesar da baixa freqüência, os projetos para o futuro, e consegue encontrar prazer em alguns aspectos da vida.

O caso da Raquel não é considerado uma depressão. Segundo Calazans, trata-se de um profundo abalo emocional, que pode ser superado com força de vontade e ajuda da família e amigos. Porém, quando se trata de depressão, a melhora só é adquirida, com um tratamento medicamentoso e com acompanhamento de um profissional da área. ‟Caso contrário, a doença pode levar à morte‟, afirma a psicóloga.

 Aos 43 anos, Ana Raimunda de Santana Gomes de Oliveira, conseguiu superar a depressão, depois de ser levada por seu marido em vários médicos para descobrir o porquê do sentimento de tristeza e desânimo que era freqüente em Ana. Foi diagnosticada com uma depressão profunda, que lhe renderam sete meses de tratamento medicamentoso e acompanhamento médico. Ela conta que a ajuda da família foi essencial para sua cura. Ana chegou até a tentar suicídio, e foi impedida pelas filhas. Ela conta que procurou fortalecer seu lado espiritual. Por conselho de seu medico decidiu diminuir a freqüência dos medicamentos, até perceber que não precisava mais tomá-los, deixando-os completamente. Apesar de Ana ter vencido a depressão, tem como conseqüência, a fragilidade em seu sistema nervoso que precisa ser controlado.

Para a psicóloga, cultivar hábitos saudáveis, praticar exercícios físicos e manter um relacionamento social equilibrado, é essencial para manter-se com a mente em bom estado. ‟E sempre que um indivíduo identificar que ele não tem estrutura emocional para superar suas dificuldades deve procurar um psicólogo‟, recomenda Karla Calazans.