ENTREVISTA

01/12/2013 15:39

Na última semana de novembro, os hemocentros de todo o país comemoram o dia do doador de sangue. O objetivo das campanhas é aumentar o estoque dos bancos de coleta nos municípios. Em Juazeiro (BA), a programação inclui a realização de campanhas e homenagens aos doadores, conforme explicou a assistente social da Unidade de Coleta e Transfusão do município, Cislene Bandeira, que participou de uma entrevista exclusiva para o blog FocaSaúde. Ela relatou as dificuldades para conseguir atender à população principalmente nos períodos festivos. E apesar do grande número de pessoas cadastradas na Hemoba, muitos geralmente fazem a doação apenas uma vez. A assistente social acredita que esta cultura do brasileiro pode ser gradativamente modificada. Mas, ela explica que atualmente apenas 1,8% da população no país tem realizado as transfusões e a informação é fundamental para mudar esta realidade. Veja agora a entrevista na íntegra:

 

Cislene Bandeira é Assistente Social na Unidade Hemoba de Juazeiro

FocaSaúde: Vocês sabem quantas pessoas realizaram doações de sangue durante a campanha realizada em Juazeiro?

Cislene Bandeira: Entre os dias 25 a 29 de novembro foram 131 pessoas aptas. O número ficou abaixo da expectativa que em torno de 200 a 230 pessoas.

FocaSaúde: Há quanto tempo o hemocentro de Juazeiro comemora a semana nacional do doador?

Cislene Bandeira: Essa é a 6ª edição da campanha, que implantamos na Unidade em 2008.

FocaSaúde: Por que decidiram implantar esta campanha nacional aqui no município?

Cislene Bandeira: Os hemocentros de todo o país comemoram essa data, não poderíamos ficar de fora porque é uma oportunidade de dialogar com a sociedade sobre a importância da doação de sangue. Nesse período intensificamos palestras na comunidade e na sala de espera do Hemoba, buscando sensibilizar e conscientizar a população. Também homenageamos o doador, por seu gesto altruísta e cidadão. Além disso, por estarmos entrando num período de festas, temos a expectativa - nem sempre correspondida - de aumentar o número de doações.

FocaSaúde: Você tem dados sobre o número de pessoas que estão cadastradas como doadores? Como a equipe entra em contato com eles nos momentos mais necessários?

Cislene Bandeira: Há em média 14 mil doadores cadastrados. Geralmente quando o estoque baixa, convidamos os doadores por telefone, mas esse é ainda um serviço que funciona timidamente.

FocaSaúde: É suficiente o número de doadores da cidade? Por quê?

Cislene Bandeira: No Brasil temos anualmente 1,8 % da população doando. A média na Bahia é de 1,5%. E em Juazeiro não é suficiente o número de doadores, por isso a informação é muito importante para mudar essa realidade. Temos uma capacidade para atender em torno de 60 pessoas/dia, mas a média tem sido de 30. Para termos um estoque estratégico precisaríamos de no mínimo uma média de 50 doadores/dia. O nosso grande problema é que temos uma quantidade pequena de doadores fidelizados. O ideal seria que tivéssemos de 3 a 5% da população doando regularmente, é o que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde. A grande maioria doa uma vez e não volta mais, geralmente são doadores de reposição.

FocaSaúde: Qual a contribuição de campanhas como esta que está sendo realizada?

Cislene Bandeira: As campanhas são realizadas nos períodos mais críticos, sem elas os resultados poderiam ser piores ainda. Chegamos a registrar 50% de queda nas doações nos períodos festivos. È uma situação esperada.

FocaSaúde: Quem pode doar, quando e onde?

Cislene Bandeira: Doar sangue é simples e seguro, contudo existem ainda muitas crenças e mitos sobre o tema, por isso a necessidade de realizar trabalhos educativos e informativos que desmistifiquem crenças e despertem a consciência da população para participar do processo de doação de sangue. As atividades de captação - atividades voltadas para o desenvolvimento de programas e campanhas que objetivam conscientizar a população quanto à importância da doação. Existe a possibilidade de gradativamente transformar esta cultura. Muito deve ser feito ainda para mobilizar pessoas a realizarem doações habituais, bem como para sensibilizá-las para o cuidado com a sua saúde, objetivando o fornecimento de transfusões seguras.

FocaSaúde: Há pré-requisitos? Quais?

Cislene Bandeira: Estar em condição plena de saúde, pesar acima de 50kg e ter entre 16 e 69 anos de idade. Se tiver entre 16 e 17 anos de idade, só realiza a transfusão com a autorização do responsável. O doador deve dormir no mínimo 6h na noite anterior, não ingerir bebida alcoólica nas últimas 12h e evitar fumar pelo menos 2h antes. Também não deve ingerir alimentos gordurosos 4h antes de doar.

FocaSaúde: E quais são as restrições?

Cislene Bandeira: Mulheres grávidas ou que estejam amamentando, quem teve diagnóstico de hepatite depois de 10 anos, pessoas expostas a doenças transmissíveis pelo sangue, que usa drogas ou quem teve relacionamento sexual com vários parceiros no último ano. E em relação às drogas, há alguns desdobramentos.  O usuário de drogas injetáveis é inapto definitivo, mas para os demais depende da forma de utilização.

FocaSaúde: Existe alguma dificuldade para fazer a doação?

Cislene Bandeira: Só não pode esquecer de levar o documento oficial e original com foto e é necessário ir alimentado. Não se doa sangue em jejum.

 

Outras informações

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